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Projeto Arquitetônico IV
Saudosa Maloca

Etapa 3: O Lugar - história e atualidade

No projeto deste semestre, a área a ser trabalhada se localiza próximo a área do Aterro da Baía Sul, entre o bairro Saco dos Limões e a Costeira do Pirajubaé, no bairro Pantanal.


A ocupação açoriana da Ilha de Santa Catarina se consolidou no final do século XVIII. Na região do bairro Saco dos Limões a ocupação se deu por chácaras, e a economia era baseada na pesca de camarão, coleta de berbigão, criação de gado leiteiro e produção de cal; o que caracterizou uma formação de bairro rural, com cultivo de limões, laranja, café e agricultura de subsistência.


A Costeira do Pirajubaé, que se encontra ao sul do bairro Saco dos Limões e é resultado da expansão deste, era também área rural, e cultivava principalmente cana, abrigando moendas e pequenos engenhos. Os hortifrutigranjeiros, ali produzidos, eram comercializados no centro urbano de Nossa Senhora do Desterro (AMBONI, 2001). Os dois bairros citados só passaram a ser considerados área urbana de Florianópolis em 1958. E tal crescimento deu-se principalmente em razão da rede de vias marítimas e terrestres que se estabeleceu entre as áreas e o distrito sede, e que possui reflexos na urbanização da Ilha de Santa Catarina ainda hoje, como a construção, por exemplo, da Via Expressa Sul, tendo em conta que a Costeira teve historicamente um caráter de conexão entre o distrito sede e o distrito Campeche, que provocou a redução dos estoques dos recursos pesqueiros, dentre eles o berbigão, prejudicando a comunidade local.


De acordo com MÜLLER (2002), as áreas de encosta dos bairros Saco dos Limões e Pantanal foram inicialmente ocupadas por escravos libertos no início do século XX. Posteriormente, a ocupação se deu pelas populações expulsas das localidades da cidade consideradas mais centrais na época, traços da gentrificação que já se iniciava, estabelecida pelo movimento sanitarista.


“A modernização introduzida, principalmente, pela canalização de córregos e o alargamento das vias do centro da cidade, retira lavadeiras e empregados do setor militar e comercial (dos fortes e do consórcio mercado-porto) de áreas anteriormente desvalorizadas e alagadiças, promovendo precoces processos de segregação no incipiente espaço urbano de Florianópolis” (MÜLLER, 2002).


Como se pode observar, a colonização açoriana da Ilha influenciou uma economia local baseada na pequena propriedade, através de cultivos e outras atividade manufatureiras. A formação social daí decorrente manteve suas características principais até recentemente, intacta até o desenvolvimento turístico começar a se desenvolver.


Em 1942, com as políticas higienistas que ocorriam em todo país, foi inaugurada a Vila Operária do Saco do Limões, primeiro conjunto habitacional produzido e entregue pelo extinto IAPI - Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários - no território nacional. Apesar dos 60 anos transcorridos e das modificações inseridas nas unidades por seus moradores, a Vila Operária guarda forte identidade, marcada pela manutenção da estrutura urbana, escala, gabarito e primordialmente pelas 18 unidades ainda não modificadas.

Implementação do aterro, 1996

A formação do Saco dos Limões, Pantanal e Costeira, portanto, só pode ser entendida se levado em conta a formação de todo o tecido urbano da cidade. O uso do solo inicialmente para a agricultura influenciou de maneira muito forte o desenho urbano: o modo de organizar as ruas, as principais avenidas, a conexão entre uma área e outra, o parcelamento do solo, etc. Essas ruas formaram as Servidões e configuraram um desenho em forma espinha de peixe, característica forte do traçado urbano de toda a cidade de Florianópolis ainda hoje. Em seguida, essa área passou por um outro tipo de desenvolvimento em razão da construção da UFSC no entorno. Hoje, esta área é uma área de passagem, tanto para o sul da ilha quanto para conformar uma ligação com a universidade.


Toda a região tem uma forte relação com o mar, relação esta que o aterro prejudicou, em certa medida. Por entender o aterro como uma área pública estratégica tanto para a promoção de equipamentos comunitários que qualifiquem a área, quanto uma área potencial para espaços de lazer públicos que conectem a comunidade de volta com o mar, optamos por escolher um terreno na divisa do bairro Saco dos Limões com o bairro Pantanal. Situado ao fim da rua Pedro Vieira Vidal, o terreno tem vista para o mar, conexão com a topografia do Maciço do Morro da Cruz e está localizado em uma área com infraestrutura básica, fato importante para a construção de HIS.




SOBRE AS AUTORAS

Somos Ana Clara Fleury e Thayse Reis, alunas da disciplina de Projeto Arquitetônico IV da faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFSC.

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